Se você chegou até aqui, provavelmente é um autor iniciante ou independente. O mercado para autores iniciantes cresce cada vez mais, uma vez que as grandes editoras tradicionais costumam ser um território difícil de penetrar por quem está começando. Uma das primeiras coisas que você deve saber é que existem gráficas e existem editoras independentes. Continue a leitura para descobrir a diferença.
É comum que gráficas se apresentem como editoras independentes ou editoras de autopublicação, mas isso está bem longe da verdade. Qualquer empresa que cobre do autor pela publicação deixa de ser uma editora para se tornar uma gráfica. Uma gráfica publica qualquer material que qualquer pessoa esteja disposta a pagar. Mesmo que tenham uma sessão em que informem que os originais enviados serão avaliados por uma equipe, essas gráficas costumam aceitar qualquer obra. Isso porque os custos envolvidos serão pagos pelo autor.
Isso não quer dizer que esse caminho deve ser evitado. O autor que decidir por essa alternativa deve, no entanto, ficar atento a armadilhas e pesquisar bastante antes de decidir pagar por esse serviço. A razão é que muitas dessas empresas oferecem serviços que nem sempre efetivamente prestam, como distribuição e revisão de texto de qualidade.
Editoras independentes, por outro lado, efetivamente avaliam o material recebido. É comum que se dediquem a nichos específicos, divididos por gênero literário ou por vozes de narrativa social. Costumam contar com uma estrutura menor, embora não exista uma regra que defina esse modelo de negócio. No entanto, parece ser consenso que, para tais editoras, investir em conteúdo é mais importante do que pensar na comercialidade de uma obra.
Mais abertas a autores iniciantes, as editoras independentes não cobram pela publicação. Assim como ocorre nas editoras tradicionais, o pagamento dos autores é calculado com base em royalties, ou direitos autorais. Esse montante costuma ser definido de acordo com uma porcentagem previamente definida sobre o valor de capa do livro vendido. A editora reserva para si outra porcentagem, referente aos serviços envolvidos na publicação, como os de revisão, capa e diagramação. Por fim, uma porcentagem também é reservada às livrarias.
O foco das editoras de livros independentes em qualidade em vez de lucro rende muitos frutos para esses selos. No Brasil, uma quantidade cada vez mais expressiva de livros publicados por esse modelo de editora tem se destacado nas maiores premiações literárias do país.
Se isso é exatamente o que você estava procurando, confira nossa lista de 13 editoras de livros independentes que vale a pena conhecer.
1. Editora Patuá
Sob o comando de Eduardo Lacerda, um grande apaixonado por poesia, a Editora Patuá chegou ao mercado como uma alternativa a grandes editoras. Embora também ofereça serviços pagos, seu objetivo principal é revelar novos autores literários, nos gêneros poesia, conto, crônica e romance. Sua sede é em São Paulo, onde o editor também mantém uma livraria.
Reconhecida pela qualidade no segmento, em quase dez anos de atuação editorial a Patuá já conquistou três vezes o Prêmio Jabuti, duas vezes o Prêmio São Paulo de Literatura e também venceu ou foi finalista e semifinalista de outros grandes prêmios literários, como Guavira, Oceanos, Prêmio Rio de Literatura, AGES e Açorianos.
2. Editora Penalux
Os editores, Tonho França e Wilson Gorj uniram sua ampla experiência no mercado editorial pela paixão literária que compartilham e pelo prazer de editar bons livros. Os gêneros aceitos pela editora consistem em contos, micronarrativas, crônicas, romances, poesias e textos acadêmicos.
Atuante no território nacional há oito anos, um dos pontos mais fortes da editora é sua ampla inserção no meio digital, o que aumenta consideravelmente o alcance das publicações. Sua sede fica em Cuiabá.
3. Editora 7Letras
Fundada em 1993 e localizada no Rio de Janeiro, a 7Letras se especializou em garimpar novos talentos no cenário brasileiro, nos gêneros de contos, romances, poesia e acadêmico.
Entre os autores publicados pela editora destacam-se vencedores e finalistas de importantes prêmios literários do país, como Prêmio Rio de Literatura e Prêmio São Paulo de Literatura e Prêmio Jabuti. Além disso, a empresa também se orgulha da criação de duas revistas literárias, uma voltada para a poesia e outra para prosa.
4. Lote 42
Fundada em 2012 pelos jornalistas João Varella, Thiago Blumenthal e Cecilia Arbolave, esta editora de São Paulo conquistou os holofotes do Brasil por suas promoções e bom humor. Na copa do mundo de 2014, ofereceu 10% de desconto para cada gol contra o Brasil marcado pela Alemanha. Se por um lado a editora foi surpreendida pelo resultado, por outro conquistou uma divertida publicidade.
Com projetos gráficos inovadores, a Lote 42 estende a sua criatividade para áreas como ficção, não ficção, quadrinhos e poesia. O ritmo de produção mais lento garante que a editora possa se concentrar em aspectos que considera indispensáveis, do conteúdo ao design.
5. Pará.grafo Editora
Criada por Girotto Brito em 2016, com o objetivo de publicar autores do Norte do Brasil e resgatar obras raras da literatura amazônica.
Todos os anos, a editora seleciona algumas obras para publicar gratuitamente. Ao mesmo tempo, desenvolve um projeto de reedição de obras raras da literatura de expressão amazônica, em financiamentos coletivos.
6. Editora Bestiário
Fundada em 2004, em Porto Alegre, a editora foi concebida a partir de uma revista eletrônica que surgiu nas oficinas literárias dos escritores gaúchos Charles Kiefer e de Assis Brasil.
Seu propósito consiste em editar e distribuir obras de ficção, de valor literário e comercial. O conteúdo abrange não ficção, livros de filosofia, psicanálise, crítica literária e história.
7. Concha Editora
A Concha Editora surgiu em 2016, para reforçar a cena literária ao sul do Brasil. O projeto incentiva escritores a desenvolver projetos artísticos que expressem seu potencial criativo e conquistem leitores.
Comandada pela jornalista Andréia Pires, a editora também oferece cursos, oficinas e consultorias, além de promover eventos de divulgação literária. Seus focos principais são literatura contemporânea e crítica literária, mas projetos acadêmicos e experimentos em arte também são aceitos.
8. Edições Chão da Feira
Basta ler a sessão “sobre” do site da editora para ter certeza de que a palavra tem uma importância única para as editoras Cecília Rocha, Júlia de Carvalho Hansen, Luísa Rabello e Maria Carolina Fenati.
Com o foco principal em poesia, a Chão da Feira edita uma revista gratuita, que pode ser solicitada na página da editora. Fundada em 2011, a editor já conseguiu acumular milhares de fãs em todo o país.
9. Quintal Edições
Avaliando o mercado editorial, essa editora mineira constatou o pouco espaço reservado a autoras nos espaços tradicionais. Composta exclusivamente de mulheres, a editora nasceu para dar voz ao gênero.
As linhas editoriais da Quintal Edições consistem em textos literários, como romances, contos, poesias e crônicas. No entanto, a editora também aceita avaliar textos acadêmicos, de pesquisa ou de outras fontes, com viés artístico e cultural, por meio de sua página no Facebook.
10. Edições Macondo
Sediada em Juiz de Fora, em Minas Gerais, a editora opera desde 2014 sob o comando de Otávio Santos. Como se pode imaginar, o nome da editora é uma homenagem à cidade imaginária criada e eternizada pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez.
Trabalhando com pequenas tiragens, a casa editorial é voltada para a poesia contemporânea. Presente em livrarias nas maiores capitais brasileiras, a editora também oferece um clube de assinaturas. Os planos do clube incluem recebimentos de livros todos os meses e descontos para os assinantes em todas as obras do catálogo.
11. Pólen Livros
A editora foi criada em 2014 pela jornalista Lizandra Magon de Almeida, e desde então vem se destacando no cenário literário por investir em temas de extrema relevância social, como racismo e empoderamento feminino. E isso sem deixar de valorizar a tradição brasileira, como a literatura de cordel.
Por essas razões, o fato de que a Pólen Livros trabalha com uma ampla linha editorial não chega a surpreender. Assim, o público encontra entre as obras títulos de literatura, infantil, universo feminino, quadrinhos, linguagem, poesia e desenvolvimento pessoal.
12. Editora Oito e Meio
Presente no mercado há mais de oito anos, a editora fundada por Flávia Iriarte já se tornou referência entre autores independentes. Por meio de sua página no Facebook , a Oito e Meio realiza com frequência cursos literários online e gratuitos para escritores que estão começando a sua jornada.
Outro ponto forte dessa grande promessa editorial é a profunda ligação com gêneros que ainda são pouco valorizados por editoras tradicionais, como policial, thriller, fantasia, ficção científica, horror e chick lit. Todos eles são acolhidos por meio do selo Transversal da editora. Os gêneros publicados incluem poesia, conto, novela e romance.
13. Editora Caixote
Se o conteúdo que você produz é voltado para o público infantil, é uma ótima ideia conhecer o trabalho da Editora Caixote. Apesar de ser relativamente nova no mercado, onde chegou em 20 16, a editora de Isabel Malzoni já conquistou o primeiro lugar do Prêmio Jabuti na categoria Infantil Digital.
Com foco em livros infantis originais, interativos e digitais, a Editora Caixote procura criar experiências de leitura inovadoras, que aproveitam a tecnologia para produzir narrativas divertidas e atraentes, de forma criativa, para seu público.
Antes de mandar seu livro para uma das editoras que acabou de conhecer, ou mesmo para qualquer outra, alguns pontos importantes devem ser observados. O primeiro deles é a revisão. Embora toda editora séria tenha o seu próprio processo de preparação de um original, um texto revisado ajuda a causar uma boa impressão. Para o mesmo objetivo, não se esqueça de mandar uma carta de apresentação que destaque as informações mais relevantes sobre você. Afinal, você já sabe um pouco sobre a empresa. É justo que ela saiba um pouco de você.
Outro aspecto fundamental é procurar no site da casa editorial a seção relativa ao envio de originais. Cada editora tem suas próprias regras para o envio, que vão desde os formatos de arquivo que são aceitos, como PDF e Word, até ao momento ideal de envio. Isso porque nem todas as editoras recebem originais o ano todo. É comum que algumas elejam um período do ano para avaliar novos textos.
Por fim, é muito importante observar os gêneros e as linhas editoriais de cada editora. Por exemplo, se você escreve poemas, enviar seu original para uma editora que não publica esse gênero de texto significará uma perda de tempo tanto para você quanto para a editora. Não se esqueça de buscar informações sobre o tempo de avaliação de cada empresa, a fim de não mandar e-mails desnecessários e repetitivos em busca de uma resposta.
Lia Gabriele Regius
Formada em letras pela UFRGS, Lia é tradutora de inglês e revisora de texto. Gosta de passar seu tempo livre com seus dois cães, Toríbio e Bóris. Não resiste a um bom livro e muito menos a escrever.